[1973] Luiz Gonzaga (Jr)
[1974] Luiz Gonzaga (Jr)
[1975] Plano de Vôo
[1976] Começaria Tudo Outra Vez
[1977] Moleque
[1978] Recado
[1979] Gonzaguinha da Vida
[1980] De Volta ao Começo
[1981] A Viagem de Gonzagão e Gonzaguinha (DUPLO)
[1981] Coisa Mais Maior de Grande – Pessoa
[1982] Caminhos do Coração
[1983] Alô Alô Brasil
[1984] Grávido
[1985] Olho de Lince – Trabalho de Parto
[1987] Geral
[1988] Corações Marginais
[1990] Luizinho de Gonzagão Gonzaga Gonzaguinha
[1991] Gonzagão e Gonzaguinha – Juntos
[1993] Cavaleiro Solitário
Memória de um tempo onde lutar
Por seu direito
É um defeito que mata
São tantas lutas inglórias
São histórias que a história
Qualquer dia contará
De obscuros personagens
As passagens, as coragens
São sementes espalhadas nesse chão
De Juvenais e de Raimundos
Tantos Júlios de Santana
Uma crença num enorme coração
Dos humilhados e ofendidos
Explorados e oprimidos
Que tentaram encontrar a solução
São cruzes sem nomes, sem corpos, sem datas
Memória de um tempo onde lutar por seu direito
É um defeito que mata
E tantos são os homens por debaixo das manchetes
São braços esquecidos que fizeram os heróis
São forças, são suores que levantam as vedetes
Do teatro de revistas, que é o país de todos nós
São vozes que negaram liberdade concedida
Pois ela é bem mais sangue
Ela é bem mais vida
São vidas que alimentam nosso fogo da esperança
O grito da batalha
Quem espera, nunca alcança
Ê ê, quando o Sol nascer
É que eu quero ver quem se lembrará
Ê ê, quando amanhecer
É que eu quero ver quem recordará
Ê ê, não quero esquecer
Essa legião que se entregou por um novo dia
Ê eu quero é cantar essa mão tão calejada
Que nos deu tanta alegria
E vamos à luta.
O Brasil de 2021, já há 30 anos sem Gonzaguinha, é um país adoecido por falta de memória – e um saravá pra pirataria por nos permitir sanar este mal através do tráfico legítimo de informação cultural. A Casa de Vidro compartilha a discografia na íntegra de Luiz Gonzaga do Nascimento Jr. pra ver se conseguimos despertar, enquanto povo, do torpor da desmemória, da repetição insana de erros velhos – se for pra errar, compatriotas, que seja de maneiras inéditas!
A produção do genocídio pandêmico, perpetrado pelo bolsonarismo nestes tristes trópicos, só poderia ter acontecido em uma pátria fraturada. Uma pátria que fracassou em tentar caminhos inéditos enquanto mátria mãe gentil. Que permaneceu sob o peso dos “Podres Poderes” patriarcais e escravocratas com seus “ridículos tiranos” (como é o Bozó genocida). Neste contexto, Gonzaguinha pode ser terapêutico ao nos re-ensinar, em tempos de ódio galopante e tóxico, caminhos para o redespertar do amor coletivo:
“Aprendi que se depende sempre
De tanta, muita, diferente gente
Toda pessoa sempre é as marcas
Das lições diárias de outras tantas pessoas
E é tão bonito quando a gente entende
Que a gente é tanta gente
Onde quer que a gente vá
E é tão bonito quando a gente sente
Que nunca está sozinho
Por mais que pense estar.”
E por falar em piratarias que permitem “samplear atitudes de amor” (como cantou o MC Criolo), vocês devem saber que Marighela,de Wagner Moura, não entrou em cartaz mas caiu na internet – e nele, apesar do anacronismo, o filme estrela duas canções geniais, uma de Chico Science e a Nação Zumbi, e outra de Gonzaguinha. Tributo à atualidade destes nossos mortos geniais, o filme perfila “Banditismo Por Uma Questão de Classe” e “Pequena Memória Para Um Tempo Sem Memória” como dois atualíssimos comentários musicados sobre o país.
Publicado em: 13/07/21
De autoria: Eduardo Carli de Moraes
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